Não perco oportunidade para falar com meus filhos sobre coisas importantes da vida. Coisas chatas para a maioria das pessoas. Mas só sei falar de coisas chatas, tipo Cartas de Cristo e Plano Diretor. Não sei falar de futebol, notícias, novelas, carnaval e da vida dos outros.
“Pai, esse ‘pegá-lO’ que você escreveu está errado; por que apenas o ‘O’ está maiúsculo? ” — meu filho me perguntou às 5 horas da manhã (ele ia viajar, e eu estava fazendo café).
Depois de lhe explicar, aproveitei e lhe
apresentei um exemplo da Bíblia.
Alonguei o papo; como eles dizem, abri nova aba
e lhe falei do “TO” que se encontra em Mateus 16,17 (ver no final). Expliquei-lhe
que, em outras bíblias, a tradução é “te revelou isto”, ou seja, o “TO” é a
contração de TE+O. Quantas pessoas entenderam esse “TO” quando leram a Bíblia?
Mas o recado importante que eu queria lhe
transmitir não era esse. Refere-se ao fato de as pessoas dizerem que Jesus era João
Batista, Elias ou Jeremias (Mateus 16,13). Isso prova que o povo daquela época
acreditava na reencarnação e, se Jesus não corrigiu os discípulos, era porque
Jesus sabia que a reencarnação é um fato.
Aliás, pelo “jeitão” de Jesus, ele teria dado
uma bronca nos discípulos por não terem corrigido as pessoas!
O “jeitão” de Jesus está claro, por exemplo,
quando ele expulsou os mercadores do templo; quando disse aos fariseus e
saduceus: “Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu e não podeis
discernir os sinais dos tempos?” (Mateus 16,4); e quando disse aos “doutores da
lei e fariseus hipócritas”: “Serpentes, raça de cobras venenosas” (Mateus
23,33).
Meu filho foi saindo para acabar de arrumar a bagagem e, brincando, disse que ia submeter a questão do “pegá-lO” à sua professora de português do Anglo Equipe de 15 anos atrás.