(Escrito em agosto de 2008.)
Acreditem ou não, mas as coisas estão mudando no Brasil, para melhor. Não estou me referindo às ações do Ministério Público e da Polícia Federal. Nem ao fato de o STF ter proibido a contratação de parentes no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, apesar de essa proibição por si só merecer um artigo à parte.
Acreditem ou não, mas as coisas estão mudando no Brasil, para melhor. Não estou me referindo às ações do Ministério Público e da Polícia Federal. Nem ao fato de o STF ter proibido a contratação de parentes no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, apesar de essa proibição por si só merecer um artigo à parte.
Hoje, gostaria de lhes falar sobre
algo muito importante que está ocorrendo em nossa cidade – algo inédito, que poderá
trazer profundas mudanças na vida dos muriaeenses, especialmente na vida dos
católicos. Estou me referindo aos artigos escritos pelo Padre Paulo Roberto
Gomes e a comentários que tenho ouvido a respeito de suas pregações.
Não sei se os muriaeenses,
principalmente a comunidade católica, têm analisado conscientemente suas
palavras. Creio que não, pois a maioria das pessoas nunca se dedicou a estudar
seriamente os ensinamentos de Jesus. Nascem e morrem embriagadas com as coisas
deste mundo, vivendo uma espiritualidade inconsciente e repetitiva, suportada
por conhecimentos elementares adquiridos na infância.
As afirmações do Padre Paulo Roberto são
fortes. Ouso afirmar que se trata de alimento muito sólido para uma população
que ainda está precisando de leite. Na verdade, destinam-se a pessoas adultas
que buscam conhecer, com lógica e razão, os ensinamentos de Jesus. São
afirmações que podem mudar radicalmente a vida das pessoas.
Minha vida mudou depois que,
pesquisando o Novo Testamento e estudiosos do assunto, ampliei – ou melhor,
adquiri algum conhecimento sobre o que entendo hoje por uma verdadeira
espiritualidade. Até aos 55 anos, eu era, espiritualmente falando, analfabeto,
como a quase totalidade das pessoas. Pautava minha vida por um misticismo
infantil e uma fé cega e rudimentar.
Estudando sozinho, levei muito tempo
para chegar às conclusões que o Padre Paulo Roberto está transmitindo à comunidade
muriaeense. Devo reconhecer que não foi totalmente sozinho, fui sobremaneira
auxiliado pela paciência e questionamentos dos residentes da El-Shaday.
Na El-Shaday, eu tinha, e tenho, o
desafio de provar a mim mesmo e a pessoas inteligentes, que viveram em estados
alterados de consciência por vários anos, que existe um Deus vivo – e não um Deus
antropomórfico, que gerencia o universo e castiga ou premia as pessoas,
conforme me foi ensinado na década de 50.
O desafio de demonstrar-lhes a verdade
do Salmo 82,6 – “Eu disse: Vós sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo.” –
e de lhes transmitir, da melhor forma possível, o que penso fazer sentido e ser
verdadeiro nos ensinamentos de Jesus Cristo.
Agradeço ao Padre Paulo Roberto por,
indiretamente, estar nos auxiliando na recuperação de alcoólatras e toxicômanos.
Eu explico: minha conversa com os residentes certamente produz melhores
resultados se estiver em sintonia com as mensagens transmitidas por padres e
pastores aos familiares dos dependentes.
Selecionei algumas afirmações
constantes de textos publicados na Gazeta de Muriaé. Pensei em fazer alguns
comentários e questionamentos. Desisti; os temas são complexos. Eu me julgo
incompetente para tal mister, e jamais me perdoaria se fizesse algum juízo
distorcido das mensagens.
O Padre Paulo Roberto escreveu (os
sublinhados foram feitos por mim):
a) Por
isso, não há nada mais errado do que dizer que temos de carregar a cruz que
Deus nos dá. É justamente o contrário, a cruz nós a buscamos como
conseqüência de decisões mal tomadas, do peso das estruturas injustas ou da
ação de outros contra nós.
b) Hoje
sabemos que Deus não castiga, não é vingativo e nem ciumento, pois Jesus
revelou de forma mais clara a face do Pai. O Antigo Testamento na sua
imperfeição é aperfeiçoado por Cristo.
c) A
morte de Jesus é conseqüência de suas atitudes,
decisões e postura frente uma sociedade que usava a religião e o nome de Deus
para encobrir toda forma de discriminação, exclusão, injustiça e dominação. [...]
A morte de Jesus não é o desejo do Pai. Ninguém que ama desejará a morte do
amado.
É quase certo que surgirão dúvidas. Se
for o caso, sugiro que não percam a oportunidade de ler os textos originais,
onde as passagens se encontram devidamente contextualizadas. Resta-me,
portanto, suplicar a todos que se esforcem para compreender as mensagens do
Padre Paulo Roberto, palavra por palavra e sentença por sentença.
Passar a acreditar que Deus “não castiga as pessoas” e “não coloca cruz nas costas de ninguém”, assim como entender as inúmeras implicações decorrentes de tais crenças, pode mudar as pessoas e, conseqüentemente, mudar o mundo – em que pese Jesus ter dito que, para não nos convertermos, fechamos os olhos para não ver e nos tornamos duros de ouvido (Cf. Mateus 13,15).
Passar a acreditar que Deus “não castiga as pessoas” e “não coloca cruz nas costas de ninguém”, assim como entender as inúmeras implicações decorrentes de tais crenças, pode mudar as pessoas e, conseqüentemente, mudar o mundo – em que pese Jesus ter dito que, para não nos convertermos, fechamos os olhos para não ver e nos tornamos duros de ouvido (Cf. Mateus 13,15).