O e-mail abaixo é de maio de 2006 (não existia facebook), e foi enviado também a vereadores, conselheiros municipais, imprensa e formadores de opinião. Preguei no deserto! Apesar desse e-mail e de inúmeros outros, além de dezenas de comentários em blogs e artigos em jornais, praticamente, nada mudou: a população continua se omitindo, e a cidade, sendo administrada como nos tempos de nossos avós! Mas tudo valeu a pena - inclusive ser processado. Melhorei minha redação e aprendi muito sobre o mundo, especialmente sobre ética, moral, justiça, leis e pessoas - coisas que, até então, conhecia apenas sob a ótica de meus pais e de uma escola de disciplina e honradez chamada Banco Brasil! Pensando melhor, talvez tudo tenha começado em 2001, quando, de janeiro a março, fui Diretor Administrativo e Financeiro do DEMSUR!
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Exmo. Sr. Prefeito,
Os jornais da cidade desta semana trazem a seguinte matéria: “Prefeitura de Muriaé se prepara para elaborar Plano Diretor”. O Plano Diretor é, sem dúvida, a mais importante realização de um governo, se elaborado, executado e controlado conforme previsto na Lei 10.257/01, no Estatuto da Cidade-Guia para Implementação pelos Municípios e Cidadãos (Câmara dos Deputados et al, 2002) e no Plano Diretor Participativo-Guia para Elaboração pelos Municípios e Cidadãos (Ministério das Cidades, 2004). A empreitada, entretanto, não é fácil. Não vou falar de aspectos substantivos do Plano Diretor (objetivos, estratégias, metodologia e recursos financeiros, humanos e materiais), pois além de inúmeros exemplos na internet, tudo o que é necessário está claramente descrito nos guias citados. No meu entender, o grande, verdadeiro e mais importante desafio se encontra na participação da população.
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Exmo. Sr. Prefeito,
Os jornais da cidade desta semana trazem a seguinte matéria: “Prefeitura de Muriaé se prepara para elaborar Plano Diretor”. O Plano Diretor é, sem dúvida, a mais importante realização de um governo, se elaborado, executado e controlado conforme previsto na Lei 10.257/01, no Estatuto da Cidade-Guia para Implementação pelos Municípios e Cidadãos (Câmara dos Deputados et al, 2002) e no Plano Diretor Participativo-Guia para Elaboração pelos Municípios e Cidadãos (Ministério das Cidades, 2004). A empreitada, entretanto, não é fácil. Não vou falar de aspectos substantivos do Plano Diretor (objetivos, estratégias, metodologia e recursos financeiros, humanos e materiais), pois além de inúmeros exemplos na internet, tudo o que é necessário está claramente descrito nos guias citados. No meu entender, o grande, verdadeiro e mais importante desafio se encontra na participação da população.
Se não houver participação efetiva da
população, tudo permanecerá como antes, ou, conforme salienta a Câmara dos
Deputados, uma gestão caracterizada por um planejamento urbano isolado com um baixíssimo
nível de interlocução do poder público com os diversos segmentos da sociedade,
salvo setores muito precisos que têm sua atividade profissional e econômica
diretamente ligada à produção material da cidade (engenheiros, arquitetos,
empreiteiros de obras e serviços públicos e construtoras, loteadores e
incorporadores). As diretrizes da lei são claras: “gestão democrática por meio
da participação da população e de associações representativas dos vários
segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos,
programas e projetos de desenvolvimento urbano”, mas como destaca o Ministério
das Cidades (p.45), “os instrumentos contidos no Estatuto da Cidade não são
suficientes, por si sós, para fazer falar muitos cidadãos que, ao longo dos
anos, introjetaram atitudes de submissão, ou foram longa e duramente
discriminados socialmente”. Além disso, democracia torna as pessoas
individualistas. Conforme Alexis Tocqueville (1805-1859), “individualismo é o
sentimento refletido e tranqüilo, que dispõe cada cidadão a se isolar da
massa de seus semelhantes e a se retirar isoladamente com sua família e
seus amigos; de tal modo que, depois de ter criado assim uma pequena sociedade
para seu uso, abandona de bom grado a grande sociedade a si mesma [...] Eles
concebem uma presunçosa confiança em suas forças e, não imaginando que possam,
dali em diante, necessitar de requerer o socorro de seus semelhantes, não opõem
dificuldade a mostrar que só pensam em si”. O Plano Diretor deve ser elaborado,
implementado e acompanhado com a participação efetiva de todos os cidadãos. O
Ministério das Cidades recomenda que os representantes do Poder Legislativo
participem desde o início do processo de elaboração do Plano Diretor, pois os
vereadores podem colaborar muito para dar boa redação ao texto da lei.
Recomenda-se ainda que o Ministério Público, juízes e registradores dos
cartórios também participem. É importante envolver entidades de profissionais
de assistência técnica. Outro aspecto relevante: o Plano Diretor deve ser
PLENO, pois tem por objetivo ordenar o PLENO desenvolvimento da cidade. Em
outras palavras, deve contemplar todas as áreas da administração municipal:
moradia, saneamento, educação, saúde, transporte, segurança, meio ambiente,
economia, lazer, etc. Não se deve restringir, portanto, a construções urbanas
(ruas, calçadas, pontes, edifícios, etc.), pois, se assim o fizer –
esquecendo-se da educação, saúde e meio ambiente, por exemplo – deixa de ser
PLENO. O planejamento deve-se traduzir num texto que todos entendam, ou seja,
deve ser elaborado sem preciosismos técnicos e em linguagem clara e objetiva.
Para que o processo de elaborar o Plano Diretor seja público e transparente é importante
construir estratégias eficazes de comunicação pública, de amplo alcance,
através de rádio, televisão, jornais, internet, cartilhas, teatro e carros de
som. Por fim, a Câmara dos Deputados sentencia (p. 45): “A política de
desenvolvimento urbano estabelecida pelo município no Plano Diretor, que não
tiver como prioridade atender as necessidades essenciais da população
marginalizada e excluída das cidades, estará em pleno conflito com as
normas constitucionais norteadoras da política urbana, com o sistema
internacional de proteção dos direitos humanos, em especial com o princípio
internacional do desenvolvimento sustentável”.
Respeitosas Saudações
Respeitosas Saudações
JOSÉ ANACLETO
DE FARIA
Rua Professor Viçoso, 65 – Gávea
Telefone 3721-4680 E-mail: asenp.anacleto@terra.com.br
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