28/07/2015

EDUCAÇÃO E GERAÇÕES

A transição entre a minha geração e a geração atual foi feita por nós! 

O mundo de hoje mostra que, de uma forma geral, não conseguimos administrar a passagem de forma eficaz.

É um tema complexo, mas me parece que meus pais tiveram menos dificuldades para me educar. Já refleti sobre o assunto, juntamente com Osho e o Dr. José Angelo Gaiarsa (no livro “Sobre uma escola para o novo homem”).

Por que era mais fácil para os pais educar filhos na década de 50?

Basicamente, porque vivíamos num mundo autoritário, patriarcal e sem informações. A palavra do pai era lei para toda a família: “bastava um olhar”! Parafraseando Bruno Berttelheim (no livro “Uma vida para seu filho: pais bons o bastante”), os pais eram delegados (prendiam), promotores (acusavam) e juízes (julgavam e condenavam). Além de aplicarem a pena – sem a mínima chance de defesa para o réu (eu!) quando roubava carambola no quintal da vizinha!

Essa autoridade – do mais forte - foi diminuindo ao longo dos anos, em consequência do próprio desenvolvimento, e, com a igualdade de direitos entre homens e mulheres, educar filhos ficou mais difícil, pois a unidade comando, um princípio básico da boa administração, desapareceu.

Por outro lado, os filhos foram ficando cada dia mais sabidos, e aprenderam logo a usar essa divisão do poder familiar a seu favor. Todos os pais vivem isso: “Mãe, posso fazer isso”? “Vou pedir ao papai”! E, como nem sempre a relação entre os pais vai bem – ou os pais estão preocupados com o orçamento familiar, em razão da crise econômica do país – a decisão tomada muitas vezes não é a melhor para a educação do filho!

Ademais, vivendo num mundo capitalista, os pais priorizaram - e estão priorizando - a sobrevivência material dos filhos, em detrimento da formação emocional, psicológica e espiritual. Essa forma de educar está nos colocando, a cada dia, mais fundo num túnel escuro - um túnel de onde somente conseguiremos sair se nos conscientizarmos de que o homem - egoísta e vaidoso - não é a medida de todas as coisas do Universo. Pode existir um Deus, seja ele como for!

Além de autoritário e patriarcal, praticamente não havia informações – isso é muito importante! O pai era o “sabichão”! Hoje a coisa complicou! Por exemplo, antigamente, se o filho perguntava ao pai “quem foi Jesus”, o pai dizia simplesmente que “Jesus é o filho único de Deus” – e acabou! Hoje, não! O filho pode consultar o “Dr. Google”, e encontrar mais de 7 milhões de resultados para a palavra “Jesus”. Isso quer dizer que, dependendo da resposta que o pai der ao filho, sua credibilidade vai para o espaço!

Sobre relações entre pais e filhos, Osho dá uma pincelada no livro “A jornada de ser humano: é possível encontrar felicidade real na vida cotidiana?”, mas, como sempre, joga muito pesado. Eis um exemplo para desestimular os pais de lerem o livro:
“Você me pergunta o que há algo de errado com seus pais. Tudo! Em primeiro lugar, eles se casaram. Se não tivessem se casado, pelo menos, teriam salvado você desta vida! E estavam muito envolvidos com a pintura, a poesia, as danças...”.