“O desafio mais difícil é como as pessoas terão sentido” - UM SENTIDO PARA A VIDA!
O médico Viktor Frankl deparou com esse desafio
nos campos de concentração nazistas. Com base em sua experiência, criou a Logoterapia
e escreveu vários livros, dentre eles “Em busca de sentido” e “Sobre o sentido
da vida”.
UM SENTIDO PARA A VIDA - Num dos livros, Dr.
Frankl diz que um ex-presidiário lhe escreveu uma carta falando que “os
melhores anos da vida dele” tinham sido aqueles em que estivera preso.
Muitas pessoas enfrentam esse desafio na
aposentadoria.
Certa vez, um médico me perguntou: “Anacleto,
como o senhor preenche o seu dia?”
Nunca tive e não tenho problemas para preencher
o meu dia. Ainda jovem, comecei a intuir que a vida não é apenas trabalhar,
comer, beber, fazer sexo, comprar, viajar, etc. As perguntas “quem eu sou” e “o
que estou fazendo aqui” começaram a me perseguir muito cedo. Agora sou
perseguido também pela Parábola dos Talentos (Mateus 25,14-30).
Posso dizer que minha “busca de sentido”
começou, no início da década de 60, com o livro “Como fazer amigos e
influenciar pessoas” de Dale Carnegie.
A partir do início da década de 80, minha busca
se tornou mais intensa. Estava casado, tinha dois filhos, trabalhava numa
coordenadoria da presidência do Banco do Brasil, em Brasília, e tinha uma
carreira promissora.
Mas faltava algo — é essa falta que persegue as
pessoas por toda vida e as faz, por exemplo, beber tudo e comprar tudo loucamente,
até descobrirem que a escada está colocada na parede errada e que nossa falta é a
falta de Deus. Falta do Reino de Deus que está dentro de nós!
Foi quando tomei conhecimento dos livros de
Osho, Krishnamurti, Erich Fromm, Allan Kardec e, posteriormente, de Ramatis, Pietro
Ubaldi, Ken Wilber, Rudolf Steiner. Depois vieram Richard Bandler e John
Grinder (os criadores da PNL), Paramahansa Yogananda, Eva Pierrakos (Pathwork), Eckhart Tolle, Joel Goldsmith e outros.
Em 1982, decidi sair de Brasília. Brasília era
(?) uma “ilha da fantasia”. Da minha sala no BB, olhava para a Esplanada dos
Ministérios e dizia para os colegas: estamos vivendo fora da realidade do
mundo.
Era católico padrão: ia à missa aos domingos, mas
nunca tinha lido a Bíblia nem sabia a diferença entre o Antigo e o Novo
Testamento. Para mim, como até hoje é para a maioria das pessoas, Deus, Cristo
e Jesus era uma “embolação” só!
Em 2000, participei da fundação da El Shaday —
uma comunidade terapêutica voltada para a recuperação de dependentes químicos —
e, durante sete anos, conversei semanalmente com seus residentes. Foi quando
comecei a estudar a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, porque o Antigo
Testamento se tornou letra morta depois dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Descobri que Deus não premia nem castiga. E que
também não coloca cruz nas costas de ninguém. Escandalizei — e escandalizo — as
pessoas quando lhes digo que Jesus não morreu para nos salvar. Jesus foi
crucificado porque “bateu de frente” com os ensinamentos judaicos. Não podia ter
acontecido de forma diferente: pregavam “olho por olho”, e Jesus chega e
recomenda “dar a outra face”. Hoje, as pessoas pulam aquela parte em que Jesus
disse: “dê tudo aos pobres e siga-me”!
Comecei a perceber que muita coisa na Bíblia
não fazia sentido à vista de tudo o que já havia lido a respeito de
espiritualidade. Como explicar um Jesus, que é amor, sair expulsando mercadores
ou amaldiçoando uma pobre figueira? Por que devo “amar o próximo” e não aplicar
a Lei de Gérson (levar vantagem em tudo)? Quem sou eu? Espírito ou EGO?
Muita coisa dos ensinamentos de Jesus ficou
clara como a luz do sol quando tomei conhecimento do que a Física Quântica
atesta. Por exemplo, “quando penetramos na matéria, a natureza não nos mostra
quaisquer elementos básicos isolados, mas apresenta-se como uma teia complicada
de relações entre as várias partes de um todo unificado” (CAPRA, 1982). Jesus
resumiu isso dizendo: “O Pai e eu somos UM” (João 10,30).
Finalmente, qual o sentido da vida?
O sentido de minha existência (eu não disse desta
vida!) é me tornar UM com o Pai, como Jesus se tornou.
Mas quem é o Pai?
Certamente, não é o Senhor de barba branca do
catecismo de Miradouro, invejoso e vingativo como está no Antigo Testamento.
(Não vou revisar, pois, como diz um amigo da imprensa: “Anacleto, ninguém lê mais de duas linhas!)