23/06/2013

O QUE ESPERO DAS MANIFESTAÇÕES

Os problemas do Brasil não serão resolvidos com a não aprovação da PEC 37, implantação da Lei da Ficha Limpa, redução dos salários dos políticos e governantes, etc. Já temos leis demais; boas leis, mas que não são cumpridas!

Os problemas do Brasil somente serão resolvidos quando a população entender que cidadania não é simplesmente pagar impostos em dia e votar nas eleições, alimentando, erroneamente, a esperança de que surja um Messias para resolver todos os nossos problemas.


Os problemas do Brasil somente serão resolvidos quando a população participar efetivamente da administração pública, em todos os poderes (Legislativo, Executivo, Judiciário e Ministério Público).

É imprescindível que os manifestantes – e principalmente a população -- se conscientizem, rapidamente, de que o movimento precisa ter um norte, antes que acabe se exaurindo e aceitando promessas e migalhas de VINTE CENTAVOS habilmente manipuladas pelos políticos e respectivos marqueteiros.

Existe somente um norte: a participação da população na administração pública, porque as leis, por melhor que sejam, não se autoaplicam. E o mundo – especialmente o Brasil -- não é povoado por santos! É necessária uma rigorosa fiscalização que, em razão da quantidade de irregularidades, somente pode ser efetuada “pelo povo e para o povo”, conforme facultam as leis, especialmente o Estatuto da Cidade e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

É voz geral: “O gigante acordou”! Ou seja, o povo acordou e, mesmo que nem toda a população tenha se manifestado nas ruas, participou, principalmente por meio de TV, jornais e redes sociais. Assim sendo, agora, todos os brasileiros estão moralmente comprometidos com a construção de um novo país, e a única solução é participar, ao vivo e em cores, dos negócios públicos, mergulhando fundo nas “caixas pretas” dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

As mudanças não devem ser apenas pontuais: PEC 37, ficha limpa, Renan Calheiros, ato médico, etc. É fundamental a adoção de medidas que reformulem as estruturas. Nesse sentido, o povo deve se concentrar em mudar a sua própria cidade, e a receita básica se resume em:
1)    revisão dos Planos Diretores dos municípios, conforme princípios e diretrizes da Lei nº 10.257/01 – Estatuto da Cidade. As cidades não podem continuar a ser administradas como nos tempos de nossos avós! A tese é que somente é possível consertar o Brasil consertando as suas partes que são os municípios;
2)    fiscalização do cumprimento da Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal. O controle social efetivo inviabiliza a corrupção municipal e, em consequência, a estadual e federal;
3)    reestruturação dos partidos políticos. Uma democracia não pode sobreviver sem partidos políticos legítimos que representem verdadeiramente os anseios da população;
4)    transformação dos conselhos municipais, de órgãos cooptados pelo Poder Executivo, em órgãos públicos independentes. Os conselhos municipais representam a população junto ao Poder Executivo, e as políticas públicas devem ser formuladas, executadas e fiscalizadas pelo Poder Executivo em parceria com os conselhos municipais;
5)    divulgação de informações pelos órgãos públicos, independente de requerimento, conforme determina a Lei nº 12.527/11 – Lei de Acesso a Informações.

O grande desafio está em transferir a energia e a motivação das ruas para o ambiente dos Poderes Legislativo e Executivo. Ou seja, para participar da administração pública municipal, diretamente – participando de audiências e conferências -- e indiretamente – participando e cobrando ações dos Conselhos Municipais, Órgãos de Classe, Sindicatos e, principalmente, das Associações de Moradores dos Bairros.

As expectativas de mudanças são enormes! Mas nada vai adiantar simplesmente renovar nas eleições de 2014. Como sempre, será trocar seis por meia dúzia, conforme atestam Collor, Sarney, FHC, Lula e Dilma! Também não adianta sonhar com um “salvador da pátria”.

Certamente, existem pessoas sérias, honestas e comprometidas, mas o sistema como um todo se encontra profundamente corrompido. É o comportamento das pessoas com relação aos negócios públicos que precisa ser renovado. Cada cidadão precisa olhar no espelho e se conscientizar de que – goste ou não! -- o Estado faz parte de sua vida, talvez muito mais do que a sua própria igreja ou a escola de seus filhos!

A única solução é participar! Se continuarmos olhando somente para nosso umbigo, isto é, nos omitindo em relação às ações das Prefeituras e das Câmaras Municipais que são responsáveis pelo bem-estar coletivo, as manifestações “vão morrer na praia” e, mais dia, menos dia, novas PECs e novos “mensalões”  surgirão fazendo o povo retornar às ruas.

Mas até quando as manifestações serão pacíficas?