Por
que se preocupar em elaborar um Plano Diretor que tenha por “prioridade atender
as necessidades essenciais da população marginalizada e excluída das cidades”?
Será somente pelo medo de que os marginalizados -- que são a maioria absoluta
-- resolvam amanhã descer do morro e
tomar a cidade? Ou existe algo mais profundo? O que será que Cristo quis dizer
quando falou: “O Pai e eu somos um” (João 10,30) e “[...] vocês conhecerão que
eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês” (João 14,20). Comparem
as afirmações de Cristo com as palavras sobre o universo e a Física Quântica de
Capra (1982), que é Ph.D. em Física pela Universidade de Viena:
O universo é visto
como uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados. Nenhuma das propriedades
de qualquer parte dessa teia é fundamental; todas elas decorrem das
propriedades das outras partes do todo, e a coerência total de suas
inter-relações determina a estrutura da teia [Será que foi por isso que Cristo
disse: “Eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês”?].
No nível subatômico,
as inter-relações e interações entre as partes do todo [Todo é outro nome para
Deus?] são mais fundamentais do que as próprias partes. [...] Enquanto, na
mecânica clássica, as propriedades e o comportamento das partes determinam as
propriedades e o comportamento do todo, a situação na mecânica quântica é
inversa: é o todo [será que o Todo é Deus?] que determina o comportamento das
partes [tudo o que existe no universo?].
Quando penetramos na
matéria, a natureza não nos mostra quaisquer elementos básicos isolados, mas
apresenta-se como uma teia complicada de relações entre as várias partes de um
todo unificado. [...] As partículas subatômicas – e, portanto, em última
instância, todas as partes do universo – não podem ser entendidas como
entidades isoladas, mas devem ser definidas através de suas inter-relações
[“Ame ao próximo como a si mesmo”].
Será
que estamos irremediavelmente ligados conforme parecem indicar as palavras de
Cristo e Capra? Será que é por isso que Cristo nos ensina que, depois de amar a
Deus, o maior mandamento é “amar ao próximo como a si mesmo”? Se acreditarmos que
fazemos parte de um Todo (Deus, Universo, Cosmos, etc.); se acreditarmos que
somos espíritos como diz São Paulo:
“Quem conhece a fundo a vida íntima do homem é o espírito do homem que está dentro dele” (1Coríntios 2,11), e“Uma vez que o Espírito de Deus habita em vocês...” (Romanos 8,9),
vai ficar difícil continuarmos
representando no teatro da vida,
e, como diz Gurdjieff, teremos que ser sinceros conosco mesmos e nos convencer
de que não nos é possível viver como vivemos, nem ser o que fomos até o
presente; que precisamos a qualquer preço encontrar uma saída para essa
situação.
Tudo isso, traduzido em termos de
Plano Diretor, pode indicar que -- se estivermos interligados como parece, seja
no mundo subatômico (Capra), seja por intermédio do Espírito Santo (Cristo) –
seria bom analisarmos com carinho as prioridades do Plano Diretor, pois
poderemos estar “dando um tiro em nosso próprio pé” se considerarmos a
eternidade como horizonte temporal!