Cientistas
da Universidade de Londres, na Inglaterra, obtiveram a primeira evidência
direta da ocorrência de mudanças no cérebro humano causadas por ondas cerebrais
naturais, induzidas por treinamento.
As
mudanças significativas na neuroplasticidade do cérebro foram observadas após a
formação de ondas cerebrais alfa.
Os
pesquisadores demonstraram que meia hora de controle voluntário dos ritmos do
cérebro é suficiente para induzir uma mudança duradoura na excitabilidade
cortical e na função intracortical, ou medular.
A mente controla o cérebro
Notavelmente,
estas sequelas benéficas são comparáveis em magnitude às observadas após
intervenções com formas artificiais de estimulação cerebral, como a injeção de
pulsos magnéticos ou elétricos.
Depois
de décadas difundindo a imagem do cérebro como sendo uma máquina da qual a
mente emerge - parte de uma postura que os especialistas chamam de determinismo
químico - os cientistas agora já colecionam uma longa lista de achados que
mostram que a "máquina cerebral" é ela própria influenciada, e até
moldada, pela consciência, ou pela mente, embora estejamos longe de ter uma
conceituação amplamente aceita do que seja mente.
As
interpretações dessas mudanças fisiológicas induzidas pelo comportamento, ou
pela ação mental, começam desde a insatisfação com a explicação clássica de que
a mente emerge do cérebro, até afirmações como a de que o cérebro se
"liberta do corpo".
Neurofeedback
A
atual descoberta pode ter implicações importantes para futuras terapias
não-farmacológicas do cérebro e apela a um reexame sério e a um forte apoio às
pesquisas no campo chamado neurofeedback, uma técnica que pode ser uma
ferramenta promissora para modular a plasticidade cerebral de forma segura,
indolor e natural.
Essa
área emergente, conhecida como psiconeuroimunologia, está se mostrando
promissora para o desenvolvimento de terapias não-medicamentosas para desordens
cerebrais associadas a ritmos corticais anormais.
Alterando
o próprio eletroencefalograma
A
pesquisa mostrou que o controle interno da nossa própria atividade cerebral
pode ser aprendida com a ajuda de uma interface cérebro-computador, que é capaz
de mostrar na tela de um computador a ativação cerebral de uma pessoa em tempo
real, através do que é conhecido como um circuito de neurofeedback.
Durante
o neurofeedback das ondas cerebrais, uma apresentação visual na tela do
computador comporta-se como um "espelho virtual", mostrando as
oscilações elétricas reais produzidas pelos neurônios no córtex cerebral, que
são registrados por sensores colados na superfície do couro cabeludo.
Os
cientistas verificaram que as ondas cerebrais respondem aos comandos
intencionais dos voluntários. Na prática, os participantes da pesquisa
modificavam de forma voluntária, atuando apenas mentalmente, os resultados
online do seu próprio eletroencefalograma.
Neuroplasticidade
Os
cientistas utilizaram sensores conhecidos como estimuladores magnéticos
transcranianos (TMS) não-invasivos para rastrear se qualquer mudança tangível
na função cortical ocorreria em resposta a uma única sessão de auto-regulação
das ondas cerebrais.
O
experimento foi feito com a aplicação de um rápido pulso magnético externamente
ao couro cabeludo para estimular o córtex motor, produzindo uma contração
muscular que se manteve proporcional ao nível da capacidade de resposta neural
(ou "excitabilidade") do córtex.
Os
cientistas observaram que a resposta cortical que se segue à ativação pelo
neurofeedback (que envolve a supressão das ondas cerebrais alfa) foi
significativamente melhorada e acompanhada por uma desinibição da função
sináptica intracortical de até 150%.
Tais
efeitos persistiram por pelo menos 20 minutos após o término do treinamento, um
período indicativo de mudança da neuroplasticidade.
Os
resultados da pesquisa foram publicados no renomado European Journal of
Neuroscience.
FONTE: Diário da Saúde. Disponível em: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=mudancas-cerebro-induzidas-voluntariamente&id=5091#.UUZbWJowIcc.facebook.
Acesso em: 21.03.13.