21/02/2013

EM QUAL ESTÁGIO VOCÊ SE ENCONTRA?

Há um consenso entre a maioria das pessoas de que o ser humano é composto de corpo, mente e espírito. São partes intimamente ligadas que, nos primeiros dez anos de vida, se encontram em equilíbrio (figura A).

Nas décadas dos “entas”, ou seja, dos quarenta aos noventa anos, regra geral, a relação entre as partes se encontra radicalmente modificada (figura B). Existem casos em que a evolução da mente não acompanha a evolução do corpo, mas aqui se quer destacar que, grosso modo, corpo e mente evoluem, mas o espírito permanece estacionado na primeira década de vida.

Tal modelo de evolução – priorizar o corpo e a mente em detrimento do espírito – não está atendendo às expectativas do ser humano, conforme se observa no dia a dia (convive-se com bebidas, drogas, e antidepressivos, além de doenças, roubos, assassinatos e estupros). 


Mesmo se excluirmos os graves problemas que testemunhamos diariamente, sempre fica aquela incômoda sensação de que algo está faltando, apesar de nos encontrarmos com saúde e, “nunca antes neste país”, termos tido à nossa disposição tantos recursos materiais e tecnológicos. Mas, bem ou mal, vamos vivendo, anestesiados e tocados pelo oba-oba e pelas ilusões de um mundo de fantasia que nós mesmos criamos, acreditando, como dizem algumas pessoas, que a “felicidade não existe; o que existem são momentos felizes”.

O “bicho pega”, entretanto, quando acontece uma tragédia – por exemplo, uma doença grave ou a perda de um ente querido. Neste momento, num lampejo de consciência, constatamos que toda a evolução do corpo e da mente, assim como todas as bebidas, drogas e antidepressivos (sem falar de trabalho, consumismo, viagens e religiões) não são suficientes para eliminar nossa dor ou amenizar o nosso desespero. Nossa dor é espiritual, mas onde se encontra nosso espírito?

Blasfemar e se culpar nada adianta. Aliás, pregado na cruz, Jesus já pediu ao Pai que nos perdoasse, porque nós não sabemos o que fazemos! A solução está em resgatar o espírito que, na quase totalidade das pessoas, se encontra estagnado na primeira comunhão e, desse modo, restabelecer, agora em nível mais elevado, o equilíbrio entre as partes: corpo, mente e espírito (o equilíbrio inconsciente de quando tínhamos 10 anos). Entretanto, a “porta é estreita”. Não é tarefa fácil descer do salto alto em que se encontra o ego e aceitar, com humildade, o seja feita a TUA vontade do Pai Nosso que recitamos, diariamente e no “piloto automático”. A propósito, com relação ao ego, Jesus alertou (Mateus 10,39): “Quem procura conservar a própria vida (o ego), vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim (do espírito), vai encontrá-la”.

O fato é que, ao deixar nosso espírito paralisado na infância, passamos a viver basicamente no mundo dos homens (corpo e mente) – conseqüentemente, nós mesmos nos expulsamos do paraíso. Penso que foi para restabelecer o equilíbrio entre corpo, mente e espírito que Jesus jejuou quarenta dias e quarenta noites no deserto lutando contra os seus demônios interiores. Isso nos sinaliza fortemente que não deve ser apenas com a rotina de cultos semanais nem com a prática de caridades menores que vamos conseguir reingressar no Reino de Deus e, desse modo, sermos autenticamente felizes.

Nesse sentido, Jesus foi novamente taxativo: a solução está em renascer, pois, se não nos convertermos e não nos tornarmos como crianças, NUNCA entraremos no Reino do Céu (Mateus 18,3). Não basta, portanto, que nossos pecados sejam perdoados, pois somente o perdão não nos transforma e não faz ninguém se tornar perfeito como é perfeito nosso Pai que está no céu (Mateus 5,48). A transformação depende do livre-arbítrio e de ações de cada um (especialmente sobre si mesmo!), e cada pessoa pode optar por ingressar no Reino de Deus aqui e agora ou daqui a milhões de anos em qualquer parte do universo.