Dia
das Mães. São 5 horas da madrugada, e o som continua alto no Parque de
Exposições.
Rolo
na cama e penso no que Aldous Huxley escreveu em 1937:
A maioria dos homens e
mulheres está preparada para tolerar o intolerável. (...) Em maior ou menor grau, portanto, todas as comunidades civilizadas do
mundo moderno são constituídas de uma pequena classe de governantes,
corrompidos pelo excesso de poder, e de uma grande classe de governados, também
corrompidos, pelo excesso de obediência passiva e irresponsável.
Que fazer?
Às 4h e 28min, já havia ligado para o 190. O
cabo que me atendeu foi muito educado:
— Sim, Senhor Anacleto, o Senhor tem razão...
Quais são as alternativas. Pegar o meu carro
e sair buzinando pelo bairro? Que tal, vestido a caráter (de pijama!)
estacionar meu carro no portão do parque, ao lado de uma viatura policial? Ou,
na próxima vez, comprar uma caixa de foguetes para soltar na madrugada? Valeria
a pena telefonar para os vizinhos?
Nossa mente funciona por associação.
Recordo-me de que estou sendo processado numa ação por danos morais, no valor
de R$ 21,800,00, por um comentário, feito por um anônimo, no blog
RIONOSSO/AAMUR que foi acessado (se foi!) por meia dúzia de pessoas. Tenho
certeza de que o som alto que está rolando na Gávea durante a madrugada deve estar
sendo “lido e ouvido” por mais de seis pessoas!
Na noite anterior, minha mulher havia me
pedido que escrevesse uma mensagem para as mães. Que tal falarmos de respeito
pelas mães... e pelas avós? Pelas inúmeras noites mal dormidas ou não dormidas?
Mas falar de respeito é complicado, pois estou sabendo que, por falta de
respeito dos alunos (que são nossos filhos!), professores não estão conseguindo
ministrar suas aulas!
Eduardo Alves da Costa tem razão em seu poema
“No caminho com Maiakovski”:
“Na primeira noite
eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.”
“Na segunda noite, já
não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.”
Na terceira noite, eles vêm e colocam um som
altíssimo dentro do meu quarto; na madrugada, levanto-me e vou escrever este
texto!
FELIZ
DIAS DAS MÃES!