“Em que fria você me meteu” — exclamou minha mulher no meio de uma festa. Dei uma risada...
Vamos contextualizar a piada.
Quem conhece minha mulher sabe que ela é uma pessoa de bem com vida. Motoqueira desde os treze anos. Provavelmente, nunca leu um livro durante sua vida de estudante. Como ela diz, “vim aqui a passeio”. “Cabeça gelada” é o termo que eu e alguns amigos usamos para classificar tais pessoas.
Linda, tinha muitos pretendentes, mas acabou-se
apaixonando por um “velho do Banco do Brasil”.
Vamos resumir.
Começamos a namorar “escondido” em dezembro de
1983. Eu já lia Osho, Krishnamurti, Rudolf Steiner, Allan Kardec, Erich Fromm e
outros. Comecei minha peregrinação bibliográfica com o livro “Como fazer amigos
e influenciar pessoas”, no início da década de 60. Nunca tinha lido a Bíblia.
Era um católico-padrão — seja lá o que isso signifique.
Desde o início lhe falava que pesquisava a
respeito da vida e como viver. Já pressentia que a vida não era somente comer,
beber, fazer sexo, comprar e viajar. Devia haver algo mais e era esse “algo
mais” que eu buscava... e busco!
Se o amor não fosse cego, surdo e mudo — ou
seja, fora dos sentidos da visão, audição, paladar, tato e olfato —, ela
provavelmente teria se decepcionado comigo no primeiro encontro, quando lhe
disse que era separado, tinha dois filhos e podia ser o pai dela — finalizando
a mandei embora pra casa! Mas isso é outra história.
Vivemos um amor há 40 anos! Durante todo esse
tempo, meu papo com ela sempre foi sobre os temas tratados pelos autores
mencionados e outros. Ao longo dos anos, fui enriquecendo minha bibliografia. Estudei (e continuo estudando) a
Bíblia — ou melhor apenas o Novo Testamento — em 2000, quando passei a
conversar semanalmente com os residentes da El-Shaday, uma comunidade
terapêutica voltada para a recuperação de dependentes químicos.
Em 1994, conheci a Programação Neurolinguística
– PNL, uma poderosa tecnologia de mudança comportamental que ajudou a mudar minha vida. E vieram outros
pensadores, além de Jesus Cristo, o guru dos gurus.
Ao longo dos anos, minha mulher foi acordando. Deixou
de acreditar em céu e inferno, num Deus de barba branca, lá no céu, que fica
gerenciando nossas vidas, premiando e castigando de acordo com nossos
comportamentos.
Certamente foi por isso que — olhando as
pessoas que dançavam no “piloto automático”, anestesiadas pela música e por
algumas cervejinhas — o inconsciente adolescente de minha mulher exclamou
subitamente: “EM QUE FRIA VOCÊ ME METEU”! E, em seguida, acrescentou: “NINGUÉM
ESTÁ BUSCANDO”!
Acreditem se quiser: minha mulher — talvez por curiosidade — leu o livro CARTAS DE CRISTO. E ontem me perguntou se conseguiria entender a “autobiografia de um iogue” de Paramahansa Yogananda - o livro de cabeceira de Steve Jobs, o fundador da Apple, e de George Harrison dos Beatles.