12/08/2011

COMUNIDADES DE MURIAÉ CELEBRAM “SEMANA NACIONAL DA FAMÍLIA”

“O objetivo, segundo os organizadores, é incentivar a promoção da família, cujos valores vêm sendo agredidos em nossa sociedade.” 
 “Os valores vêm sendo agredidos em nossa sociedade”. Qual é a nossa sociedade? É toda a cidade de Muriaé? Isso quer dizer que estão incluídos católicos e budistas, ricos e pobres, “poaias” e “goteiras”, honestos e corruptos, religiosos e assassinos?
Vêm sendo agredidos por quem? Pelos Poderes Públicos, pelos partidos políticos, pelas associações, pelos órgãos de classe, pelos sindicatos, pela imprensa, pelas escolas, pelas igrejas, pelas próprias famílias? Ou por todos nós – por ação ou omissão?

 Como os organizadores pretendem incentivar a promoção da família?
 Se “nossa sociedade” for a cidade de Muriaé, devemos ter em mente que: as famílias constituem as ruas; as ruas constituem os bairros; os bairros constituem a cidade de Muriaé. Isso quer dizer que os valores praticados pelas instituições que conduzem o destino de Muriaé (Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário e Ministério Público), se transferem aos bairros; os valores praticados pelos bairros se transferem às ruas; e, finalmente, os valores praticados pelas ruas se transferem para as famílias.
As forças ocultas da sociedade – chamadas de “peste emocional” por Wilhelm Reich no livro “O assassinato de Cristo” – são mais poderosas que as forças das famílias isoladas. Por isso não é possível incentivar isoladamente a promoção da família – é imprescindível tratar a sociedade como um todo, e isso somente é possível através de uma ação conjunta, ou seja, uma parceria entre o Poder Público e a “nossa sociedade”.
Não canso de admirar as palavras do Padre Paulo Roberto (Jornal A Gazeta): “A morte de Jesus é conseqüência de suas atitudes, decisões e postura frente uma sociedade que usava a religião e o nome de Deus para encobrir toda forma de discriminação, exclusão, injustiça e dominação.
E não é por falta de amparo legal que “nossa sociedade” não participa da construção de seus valores. Por exemplo, a Lei nº 10.257/01, denominada Estatuto da Cidade, determina que a cidade (e os seus valores?) devem ser administrados de forma democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade. Inclusive, obviamente, das Igrejas!