05/02/2025

PARABÉNS, MURIAÉ!

Parabéns pela criação da Superintendência de Assuntos Estratégicos que tem por função a “modernização da gestão pública e a eficiência na implementação de políticas e programas governamentais”.

Administrativamente, o Brasil está um caos. Os Três Poderes não se entendem. Planos estratégicos não existem ou, se existem, não são cumpridos. O caos reflete nas cidades onde as pessoas vivem — em Muriaé, segundo consta, houve 5 (cinco) assassinatos neste mês de janeiro.

Administrar os municípios conforme determina o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), ou seja, com base num PLANO DIRETOR ESTRATÉGICO, tornou-se uma questão de sobrevivência, contudo, trata-se de um tremendo desafio — não somente devido à complexidade que é elaborar e executar um PLANO DIRETOR válido por 10 (dez) anos.

A administração legal e democrática exige ampla PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO. Sem ampla PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO no processo de gestão das cidades, tudo continua como nos tempos de nossos avós — de forma centralizada, autoritária e burocrática.

Infelizmente, os eleitores entendem que não precisam participar do processo de gestão municipal — consideram “dever cumprido” pagar os impostos em dia e votar nas eleições (entregar aos governantes um cheque em branco, ou melhor, o destino da cidade, do estado e do país onde vivem e provavelmente viverão seus filhos e netos). Mas, como salientou o ex-Vice-Presidente da República General Mourão, não basta “apertar o botão no dia das eleições e depois ir reclamar nos botequins e nas redes sociais”.

Precisamos mudar nossa mentalidade: política deve ser discutida e administração pública deve ser planejada, executada e fiscalizada com nossa participação, diretamente ou através de associações representativas dos vários segmentos da comunidade: Associações de Moradores de Bairro, Conselhos Municipais, Partidos Políticos, Órgãos de Classe (OAB, CREA, CAU, etc.), Entidades Empresariais (CDL e associações comerciais), Sindicatos, etc. Como construir ASSOCIAÇÕES LEGÍTIMAS E REPRESENTATIVAS?

PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO — este é o maior desafio.

Na sentença que suspendeu a revisão do Plano Diretor de São Paulo, a justiça esclarece:

“Ocorre que a participação democrática na gestão da Cidade, inscrita nos artigos 2º, II e 43 do Estatuto da Cidade requer mais do que tão-somente a convocação da sociedade para os atos públicos que tem a participação popular como pressuposto necessário.

“Bem pelo contrário, a gestão democrática impõe à Municipalidade que, do início até o término dos trabalhos do plano diretor, realize campanhas massivas de conscientização e convocação dos munícipes, não só para audiências públicas, mas sim para promover a sua devida participação no processo administrativo como um todo.

“Campanha não é convocação para audiência, mas sim um trabalho de mobilização popular, que incuta nos cidadãos a vontade de participar e o entendimento sobre a importância dos assuntos debatidos, tal como dos reflexos que o anteprojeto terá na cidade.

“Mas não só. A campanha, de início, deve ser também aprofundada o suficiente para permitir aos cidadãos o entendimento material das ideias que a Municipalidade pretende ver presente no novo anteprojeto, o que viabiliza, de antemão, que a comunidade formule críticas, sugestões ou reclamações em relação às pretensões governamentais.

“Ainda mais, também é necessário clarear, já no início, quais são os mecanismos programados para intervenção popular. É fundamental que exista uma campanha capaz de informar os cidadãos sobre o local em que podem encontrar representantes das comissões do projeto, como exercer o direito de petição junto a Administração Pública, particularmente quanto à como participar das comissões.”

“Não basta a existência da possibilidade, uma vez que desta possibilidade só usufruem os já informados e interessados, ou seja, aqueles mínimos indivíduos para os quais não era necessária qualquer campanha. É necessário cativar e instruir, facilitar e promover o acesso de todos, e não de poucos.

Quando falo de política e participação da população, quase sempre me reporto às palavras do Papa Francisco:

“Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Nós, os cristãos, não podemos fazer de Pilatos e lavar as mãos. Temos de nos meter na política, porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum…”.

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