02/03/2019

RECORDAÇÕES I

(Postado no Facebook)
Miradouro, década de 50. Sei que cantava o Hino Nacional, mas não me recordo. Na hora do recreio, lembro-me de minha professora do 3º ano primário me “arrumando” da fila, puxando-me pela orelha! Lembro-me, também, de ficar ajoelhado, de frente para o quadro, e de levar “reguada” nas mãos no dia em que a professora examinava se nossas unhas estavam cortadas.
Ah, se dissesse algo em casa, apanhava de novo, porque, segundo meu pai, “a professora não tinha batido direito”. Será que me restou algum trauma? Não me recordo. Quem sabe? Freud? Pode ser até que ele esteja enterrado no fundo de minha psique e eu, nas melhores das intenções, inconscientemente, o tenha repassado a meus filhos (diga aí, Consuelo!).

Miradouro, década de 90. Quarenta anos se passaram. Estou trabalhando no Banco do Brasil. Olho para os clientes que estão na fila dos caixas e identifico a professora que me “arrumava” na fila, puxando-me pela orelha. Aproximo-me dela, pego carinhosamente na sua orelha e digo: “Por favor, saia desta fila e me acompanhe”. Assustada, ela não me reconheceu; momentos depois ríamos dos velhos tempos!