12/12/2018

O CASO DE JOÃO DE DEUS

A apuração das denúncias contra João de Deus não deve ficar restrita exclusivamente ao âmbito jurídico do Ministério Público.

Tudo precisa também ser meticulosamente apurado sob outros aspectos. O caso de João de Deus é muito mais grave e complexo do que, por exemplo, pedofilias praticadas por padres da Igreja Católica. No caso de João de Deus, existe – ou não existe? – o envolvimento de seres (espíritos) que habitam outros planos? Tudo precisa ser muito bem esclarecido, pois, afinal, não estamos mais na Idade Média.

As curas realizadas por João de Deus aconteceram realmente? Se as curas aconteceram realmente, quem as realizava? Obviamente, não era o homem João de Deus, porque, segundo consta, ele não tem conhecimentos científicos para tanto.

Aqui temos que bifurcar: uma frente seria mais científica, ou seja, sem envolvimento de espíritos ou seres de outros mundos, Deus ou Satanás. Nesse caso, tudo estaria na mente inconsciente de João de Deus? Algo que lhe teria sido repassado pelo DNA de seus antepassados? Algum Hipócrates ou Pasteur?

A outra seria uma frente “espiritualizada”. As curas eram realizadas por algum espírito, ou alguns espíritos que detêm os conhecimentos científicos necessários? Tais espíritos atuavam com o aval de qual divindade? De Deus? Ou de Satanás?

O ser humano ainda vai continuar procurando curas miraculosas por muitos e muitos anos. Portanto, as curas e os “milagres” de João de Deus precisam ser muito bem esclarecidos, a fim de que as pessoas não sejam enganadas e possam se orientar melhor na busca de socorro para seus males.

Além disso, se as curas e os "milagres" de João de Deus tinham o aval de Deus – e não do Satanás – como explicar o seu comportamento com inúmeras mulheres? Se ele é um mau-caráter, como pode incorporar um espírito de luz? Se ele não é mau-caráter, uma hora ele incorpora um espírito de luz, outra hora ele recebe o espírito de um “maníaco sexual”?

Estão com a palavra os teólogos, espíritas, pastores, padres, psicólogos, psiquiatras e outros estudiosos. Uma coisa é certa: o caso João de Deus precisa ser exaustivamente debatido. Trata-se de uma rara oportunidade – talvez proporcionada pelo próprio Deus – que tem por objetivo nos tirar da cômoda fé cega e mística e nos introduzir numa espiritualidade lógica e racional mais consentânea com a estrutura mental de nossos tempos!