A
apuração das denúncias contra João de Deus não deve ficar restrita
exclusivamente ao âmbito jurídico do Ministério Público.
Tudo
precisa também ser meticulosamente apurado sob outros aspectos. O caso de João
de Deus é muito mais grave e complexo do que, por exemplo, pedofilias
praticadas por padres da Igreja Católica. No caso de João de Deus, existe – ou
não existe? – o envolvimento de seres (espíritos) que habitam outros planos?
Tudo precisa ser muito bem esclarecido, pois, afinal, não estamos mais na Idade
Média.
As
curas realizadas por João de Deus aconteceram realmente? Se as curas
aconteceram realmente, quem as realizava? Obviamente, não era o homem João de
Deus, porque, segundo consta, ele não tem conhecimentos científicos para tanto.
Aqui
temos que bifurcar: uma frente seria mais científica, ou seja, sem envolvimento
de espíritos ou seres de outros mundos, Deus ou Satanás. Nesse caso, tudo
estaria na mente inconsciente de João de Deus? Algo que lhe teria sido
repassado pelo DNA de seus antepassados? Algum Hipócrates ou Pasteur?
A
outra seria uma frente “espiritualizada”. As curas eram realizadas por
algum espírito, ou alguns espíritos que detêm os conhecimentos científicos
necessários? Tais espíritos atuavam com o aval de qual divindade? De Deus? Ou
de Satanás?
O
ser humano ainda vai continuar procurando curas miraculosas por muitos e muitos
anos. Portanto, as curas e os “milagres” de João de Deus precisam ser muito bem
esclarecidos, a fim de que as pessoas não sejam enganadas e possam se orientar
melhor na busca de socorro para seus males.
Além
disso, se as curas e os "milagres" de João de Deus tinham o aval de
Deus – e não do Satanás – como explicar o seu comportamento com inúmeras
mulheres? Se ele é um mau-caráter, como pode incorporar um espírito de luz? Se
ele não é mau-caráter, uma hora ele incorpora um espírito de luz, outra hora
ele recebe o espírito de um “maníaco sexual”?
Estão
com a palavra os teólogos, espíritas, pastores, padres, psicólogos, psiquiatras
e outros estudiosos. Uma coisa é certa: o caso João de Deus precisa ser
exaustivamente debatido. Trata-se de uma rara oportunidade – talvez
proporcionada pelo próprio Deus – que tem por objetivo nos tirar da cômoda fé
cega e mística e nos introduzir numa espiritualidade lógica e racional mais
consentânea com a estrutura mental de nossos tempos!