19/10/2018

PLANO DIRETOR: O LADO MÍSTICO

Por que se preocupar em elaborar um Plano Diretor que tenha por “prioridade atender as necessidades essenciais da população marginalizada e excluída das cidades”? Será somente pelo medo de que os marginalizados -- que são a maioria absoluta --  resolvam amanhã descer do morro e tomar a cidade? Ou existe algo mais profundo? O que será que Cristo quis dizer quando falou: “O Pai e eu somos um” (João 10,30) e “[...] vocês conhecerão que eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês” (João 14,20). Comparem as afirmações de Cristo com as palavras sobre o universo e a Física Quântica de Capra (1982), que é Ph.D. em Física pela Universidade de Viena:
O universo é visto como uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados. Nenhuma das propriedades de qualquer parte dessa teia é fundamental; todas elas decorrem das propriedades das outras partes do todo, e a coerência total de suas inter-relações determina a estrutura da teia [Será que foi por isso que Cristo disse: “Eu estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês”?].
No nível subatômico, as inter-relações e interações entre as partes do todo [Todo é outro nome para Deus?] são mais fundamentais do que as próprias partes. [...] Enquanto, na mecânica clássica, as propriedades e o comportamento das partes determinam as propriedades e o comportamento do todo, a situação na mecânica quântica é inversa: é o todo [será que o Todo é Deus?] que determina o comportamento das partes [tudo o que existe no universo?].
Quando penetramos na matéria, a natureza não nos mostra quaisquer elementos básicos isolados, mas apresenta-se como uma teia complicada de relações entre as várias partes de um todo unificado. [...] As partículas subatômicas – e, portanto, em última instância, todas as partes do universo – não podem ser entendidas como entidades isoladas, mas devem ser definidas através de suas inter-relações [“Ame ao próximo como a si mesmo”].

Será que estamos irremediavelmente ligados conforme parecem indicar as palavras de Cristo e Capra? Será que é por isso que Cristo nos ensina que, depois de amar a Deus, o maior mandamento é “amar ao próximo como a si mesmo”? Se acreditarmos que fazemos parte de um Todo (Deus, Universo, Cosmos, etc.); se acreditarmos que somos espíritos como diz São Paulo:
“Quem conhece a fundo a vida íntima do homem é o espírito do homem que está dentro dele” (1Coríntios 2,11), e
“Uma vez que o Espírito de Deus habita em vocês...” (Romanos 8,9),

vai ficar difícil continuarmos representando no teatro da vida, e, como diz Gurdjieff, teremos que ser sinceros conosco mesmos e nos convencer de que não nos é possível viver como vivemos, nem ser o que fomos até o presente; que precisamos a qualquer preço encontrar uma saída para essa situação.

Tudo isso, traduzido em termos de Plano Diretor, pode indicar que -- se estivermos interligados como parece, seja no mundo subatômico (Capra), seja por intermédio do Espírito Santo (Cristo) – seria bom analisarmos com carinho as prioridades do Plano Diretor, pois poderemos estar “dando um tiro em nosso próprio pé” se considerarmos a eternidade como horizonte temporal!