“Nós
somos a sociedade que criamos; é o que somos: avidez, inveja, desespero,
espírito de agressão, temores, exigências de segurança; foi tudo isso que criou
esta sociedade. Para mudá-la, nós temos de mudar; se nos limitarmos a podar uns
poucos ramos desta árvore chamada sociedade – como o está fazendo o político, o
economista, etc. – não se operará em nós nenhuma mudança. Nós somos a
sociedade; a sociedade não difere de nós”.
(...)
“Transformando-vos
interiormente, produziríeis por certo uma radical mudança na corrupta sociedade
em que vivemos”.
(...)
“As
pessoas que têm ideologias e princípios e vivem de acordo com eles são as mais
insensíveis, porquanto estão vivendo no futuro, e a este tentando ajustar o
presente. A ideologia, qualquer que ela seja – do comunista, do socialista, do
capitalista, etc. – se torna a ‘autoridade’. Ter uma ideologia de não-violência
e mostrar-se violento a todas as horas é obviamente insensatez”.
(...)
“Um
indivíduo é católico, condicionado por uma propaganda de dois mil anos; outro
está condicionado por palavras como ‘protestante’, ‘hinduísta’, etc.”.
Crescemos nesse condicionamento, aceitamo-lo, mas não vivemos conforme ele;
aceitamos o preceito verbal de amarmos o nosso próximo e, entretanto, é óbvio
que não amamos o nosso próximo: damos-lhe pontapés, destruímo-lo no escritório,
no campo de batalha, etc.”.
(...)
“O
importante é esta constante batalha da ambição, da avidez, da inveja, etc.: EIS
O QUE É REAL, e não o crer em Deus, nisto ou naquilo. Se não houver no viver
diário uma fundamental mudança NAQUILO QUE É, nunca teremos seriedade”.
Extraído
de: KRISHNAMURTI J. Palestras com estudantes americanos. São Paulo: Cultrix,
1968, p. 111-115.