No
WhatsApp, meu filho diz: ”Tô lendo uns textos aqui e me lembrei de você, pai.”
Referia-se
especificamente ao texto abaixo de Clarisse Lispector:
“Das Vantagens de Ser Bobo“
“O bobo, por não se ocupar com ambições, tem
tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase
sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa,
responde: "Estou fazendo. Estou pensando.”
(...)
Vou ao Google, localizo o texto, leio e faço
minhas duas interpretações.
Na primeira, o bobo está num processo de
evolução espiritual, numa fase de transição entre o animal e o humano. Ele é “bobo”,
porque ainda está vivendo no “Reino de Deus”, o mesmo reino em que vivem os
animais. Ele ainda vai ter que passar pela fase da esperteza que é o reino dos
humanos!
Na segunda, o bobo é um iluminado e, portanto,
já atende ao que Jesus disse há dois mil anos: “Felizes os pobres em espírito,
porque deles é o Reino do Céu.” Também vive no “Reino de Deus”.
Aliás, mais à frente, Clarisse escreve:
“Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem
estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.”
“Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que
ninguém desconfie. Aliás, não se importam que saibam que eles sabem.”
“É quase impossível evitar excesso de amor que
o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o
bobo.” Deus é amor!
Vê-se claramente que Clarisse está falando de
pessoas iluminadas. Por exemplo, o bobo não teria perdido tempo escrevendo este
comentário; ele estaria curtindo o elogio que o seu filho estava lhe fazendo...
e, talvez, não sentindo tanta saudade!
DAS
VANTAGENS DE SER BOBO