Os povos gritam e protestam contra os seus dirigentes, tachando-os de
políticos ambiciosos, corruptos ou venais, porque eles não lhes satisfazem
integralmente as pretensões pessoais! Mas esquecem-se de que são governados por
homens da mesma fonte humana, ou gerados no meio ambiente, os quais apenas
refletem as idiossincrasias do todo que é governado. (P. 171)
Por isso, segundo o adágio comum, o “povo tem o governo que merece” e
seria incoerência reclamar um governo perfeito, sadio e honesto, de um povo que
ainda se compõe de homens corruptos, ambiciosos, viciados, inescrupulosos,
avarentos, exploradores, aventureiros, traficantes, gozadores, como ainda hoje
acontece em certos países modernos e cientifizados! Mas, como dissemos, há
negociantes e industriais, por exemplo, que reclamam contra o poder
governamental e o consideram corrupto ou explorador, enquanto misturam água no
leite, batata no queijo, vaselina na manteiga, chuchu na goiabada! (P. 195).
O governo de uma nação ou de um povo terrícola comumente ignora a sua
imensa responsabilidade assumida perante a “Administração Sideral”, a qual
realmente governa o planeta! Então se julga autorizado e independente, detentor
de um “poder máximo” sobre certa coletividade, sem necessidade de prestar
quaisquer obrigações para o Governo Oculto atuante do mundo espiritual! No
entanto, o imperador, o rei, o governador ou mesmo o ditador não passam de
mordomos agraciados com a confiança divina, por cujo motivo ser-lhes-á exigido
depois da morte corporal as mais severas contas dos encargos da matéria. Jamais
serão tolerados, quando distorcem o sentido de sua governança em favor dos seus
interesses particulares e do enriquecimento do “clã” familiar, pois a Lei
Espiritual não lhes perdoa a mínima subversão no comando do patrimônio público!
(P. 174).
Os políticos e administradores públicos corruptos traem a confiança do
Senhor, como os filhos degenerados abusam do patrimônio pertencente a todos os
membros da família. Embora tais homens consigam tangenciar as leis do mundo físico,
eles terão de indenizar completamente os prejuízos ocasionados por suas
ambições e atividades inescrupulosas. Os políticos do mundo podem iludir e
mistificar as criaturas que confiam em suas promessas e sofismas, mas não se
livrarão das severas sanções espirituais por muitas existências posteriores.
(P. 192).
Não opomos dúvida; muitos políticos falazes e corruptos não passariam de
reles vigaristas ou ladrões vulgares, caso não lhes houvesse ocorrido o
acidente de se guindarem à administração ou poder público! [...] Infelizmente,
na esfera política do mundo alimentada por partidos, doutrinas e sistemas
específicos a grupos afins, indivíduos que seriam problemas de polícia, na
pobreza, encontram o clima favorável na administração pública para exercitar
com sucesso a sua habilidade delinqüente! (P. 176).
Ademais, tratando-se de conjunto de homens de espírito primário, como
são os terrícolas, os seus sistemas e doutrinas são eivados dos mesmos defeitos
que tais homens ainda não puderam extinguir em si próprios! Não importa ser
nazista, democrata, capitalista, fascista ou socialista, e a ardente
preocupação de “salvar” a humanidade pelo seu sistema político mais simpático,
caso o homem não consiga “salvar-se” a si mesmo, libertando-se do vício de
fumar, beber, comer as vísceras sangrentas dos irmãos inferiores, inclusive do
domínio das paixões funestas! (P. 186).
Enquanto o homem não mudar visceral e interiormente, ele viverá em
guerra com as suas próprias paixões e seus vícios escravizantes. Então não haverá
paz e ventura na Terra, seja qual for o tipo de doutrina ou sistema adotado
para governar o povo. A revolução é tão permanente na alma do homem terrícola
que ele à tarde arrepende-se do que fez pela manhã, numa perfeita guerra
consigo mesmo! Assim permanece a luta silenciosa ou ruidosa no seio da família,
da vizinhança, nas ruas e nos estabelecimentos de trabalho, na diversão e até
devoção! (P. 180).
Raras criaturas importam-se, realmente, em investigar a autenticidade do
espírito imortal em sua manifestação educativa na face do orbe [Terra], a fim
de nortear a sua vivência sob o imperativo da vida superior. Por isso, também
não sabem governar e governar-se, até o dia em que coloquem acima das
circunstâncias provisórias da existência física a norma da vida verdadeira do
espírito! (P. 186 – grifo nosso).
Os terrícolas, na sua tolice tão milenária, buscam e rebuscam líderes
políticos, expertos financistas, conselheiros econômicos, socialistas
tarimbados e sisudos democratas, a fim de conduzirem o mundo à felicidade
humana, enquanto esquecem a maior cerebração [de cérebro] e genial instrutor
como foi o Cristo, e olvidam o mais avançado Código de vivência humana, que é o
Evangelho! (P. 202).
[1] RAMATIS. Obra psicografada por Hercílio Maes. A vida humana e o
espírito imortal. 4ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1982.