Fazendo referência principalmente à Constituição Federal e ao Estatuto da Cidade, transcrevo abaixo trechos da entrevista que Bernardo Toro concedeu à Revista Veja (*).
De acordo com Toro, “a população da América Latina [atenção: o Brasil e, especificamente, Muriaé se encontram na América Latina!) sempre põe a culpa no Estado e espera que ele resolva tudo, em vez de se organizar para mudar o que está errado”.
O
cidadão “está sempre se perguntando: ‘Quem virá aqui acabar com essa situação
que tanto me incomoda?’. Não toma a responsabilidade para si nem se articula
com eficácia para mudar a ordem das coisas. Grita mais do que age e espera as
soluções do Estado, que vê como dono da ordem e um ente superprotetor.”
“Acreditam
que seu destino depende da sorte, não de esforço e treino. A culpa do fracasso
é sempre dos outros [isso vale também para nossa vida particular!]. São países que tendem a ser mais corruptos, já que dispõem
de menos mecanismos de vigilância e cobrança sobre a classe política e o
próprio Estado.”
Para Toro, a participação da sociedade é “uma
ciência que faz a engrenagem de um país funcionar melhor, tornando-o mais
produtivo e próspero.”
Eu
também sempre digo que as manifestações de rua não dão em nada – trata-se
simplesmente de um ato teatral para acalmar a consciência de cidadãos omissos.
Vejam o que Toro diz: “a história mostra que as melhores mobilizações são
silenciosas, constantes no tempo e não produzem heróis. Elas são fruto de
sociedades verdadeiramente organizadas, que se norteiam não por um pleito
instantâneo, vago [reduzir salários de prefeitos e vereadores], mas por uma
ideia maior que domina o imaginário de grupos ou até de uma população inteira”
[Estatuto da Cidade/Plano Diretor ESTRATÉGICO].
“Se
queremos uma sociedade democrática e inovadora para valer” – finaliza Toro – “precisamos
aprender a trabalhar em time, a nos sentir responsáveis pelos resultados que obtemos e deixar de culpar o sistema, o Estado e os outros por
nossos fracassos.”
(*)
Revista Veja, edição 2.452, ano 48, nº 46, de 18.11.15. Bernardo Toro é
filósofo, físico e matemático. Ex-consultor do Banco Mundial e assessor do
comitê estratégico da fundação suíça Avina.