18/11/2015

"A SOCIEDADE PRECISA EXIGIR"

Fazendo referência principalmente à Constituição Federal e ao Estatuto da Cidade, transcrevo abaixo trechos da entrevista que Bernardo Toro concedeu à Revista Veja (*).

De acordo com Toro, “a população da América Latina [atenção: o Brasil e, especificamente, Muriaé se encontram na América Latina!) sempre põe a culpa no Estado e espera que ele resolva tudo, em vez de se organizar para mudar o que está errado”.

O cidadão “está sempre se perguntando: ‘Quem virá aqui acabar com essa situação que tanto me incomoda?’. Não toma a responsabilidade para si nem se articula com eficácia para mudar a ordem das coisas. Grita mais do que age e espera as soluções do Estado, que vê como dono da ordem e um ente superprotetor.”

“Acreditam que seu destino depende da sorte, não de esforço e treino. A culpa do fracasso é sempre dos outros [isso vale também para nossa vida particular!]. São países que tendem a ser mais corruptos, já que dispõem de menos mecanismos de vigilância e cobrança sobre a classe política e o próprio Estado.”

Para Toro, a participação da sociedade é “uma ciência que faz a engrenagem de um país funcionar melhor, tornando-o mais produtivo e próspero.”

Eu também sempre digo que as manifestações de rua não dão em nada – trata-se simplesmente de um ato teatral para acalmar a consciência de cidadãos omissos. Vejam o que Toro diz: “a história mostra que as melhores mobilizações são silenciosas, constantes no tempo e não produzem heróis. Elas são fruto de sociedades verdadeiramente organizadas, que se norteiam não por um pleito instantâneo, vago [reduzir salários de prefeitos e vereadores], mas por uma ideia maior que domina o imaginário de grupos ou até de uma população inteira” [Estatuto da Cidade/Plano Diretor ESTRATÉGICO].

“Se queremos uma sociedade democrática e inovadora para valer” – finaliza Toro – “precisamos aprender a trabalhar em time, a nos sentir responsáveis pelos resultados que obtemos e deixar de culpar o sistema, o Estado e os outros por nossos fracassos.”

(*) Revista Veja, edição 2.452, ano 48, nº 46, de 18.11.15. Bernardo Toro é filósofo, físico e matemático. Ex-consultor do Banco Mundial e assessor do comitê estratégico da fundação suíça Avina.