04/12/2010

LEIS, VALORES E CRENÇAS

O Orçamento Anual do Município, que vai ser votado pela Câmara Municipal agora em dezembro, deve ser acompanhado do “parecer prévio” do COMUPLAN, conforme determina a Lei nº 3.377, de 17.10.06. Mas tudo indica que a lei será votada sem observar a exigência legal. Pode parecer esdrúxulo, mas se trata de lei não cumprindo lei!
O que leva Prefeito, Vereador, Membro do COMUPLAN, Promotor de Justiça, ou melhor, as pessoas em geral a agirem de determinada maneira?
A resposta não é simples, pois vivemos com base em valores e crenças. Numa hierarquia de valores, o que vem em primeiro lugar: (i) poder; (ii) família; (iii) segurança; (iv) status social; (v) honestidade; (vi) as leis dos homens; ou (vii) as leis de Deus?
A coisa é ainda mais complexa, porque nem sempre estamos conscientes de nossa verdadeira hierarquia de valores. Conscientemente, posso afirmar que a família é a razão de minha vida, mas, nas profundezas de meu inconsciente, a segurança encontra-se acima de tudo. E, como explica a psicologia, numa disputa entre o consciente e o inconsciente, este sempre será o vencedor, pois corresponde a noventa por cento de nossa capacidade mental.
Além dos valores, temos nossas crenças. Quem acredita em Deus não age da mesma forma do que quem não acredita. Quem acredita num Deus de barba branca, que está assentado em algum lugar lá no céu, e decidindo se o Flamengo vai ganhar do Botafogo ou se atende aos apelos de uma mãe para passar o filho no vestibular, não age da mesma maneira do que aquele que acredita que “o Pai e eu somos um”, ou seja, que todos somos deuses e que Cristo se encontra dentro de cada um (2 Cor 13,5).
Também quem não acredita em reencarnação age de forma diferente do que aquele que acredita. Este sabe que terá que reparar todo o mal praticado através de pensamentos, palavras e obras, nesta ou em outras vidas. E tem consciência de que não basta ter os pecados perdoados para ingressar no paraíso, mas é preciso se converter e se tornar como criança (Mt 18,3).
E, obviamente, quem acredita nas leis dos homens não age da mesma forma do que quem não acredita!
Mas como se formam os valores e as crenças? Outra pergunta complexa. Valores e crenças, em sua maioria, nos são introjetados na infância. E podem ser completamente distorcidos, apesar do amor e das boas intenções de pais, padres, pastores, professores e amigos. Os quais, segundo Osho, inconscientemente, são todos criminosos.
Se a pessoa não se autoquestionar, ela poderá viver toda a vida com base em valores e crenças errôneas ou incompatíveis com a estrutura mental de sua vida adulta. E, certamente, perderá inúmeras oportunidades de ser mais feliz! A crença de que “beber leite e chupar manga faz mal”, que ainda povoa a cabeça de muitas pessoas, me fez deixar de chupar muita manga em Miradouro, na década de 50. Apesar de equivocadas, acreditar em céu e inferno ou que Deus castiga ou premia de acordo com o comportamento de cada um pode ter vantagens e desvantagens. Como disse Voltaire (ou Nietzsche?): “Não deixa que a empregada coloque veneno em minha comida”.
Seguindo o conselho de um internauta – “Anacleto, seja mais claro e objetivo” – como fica afinal a votação do Orçamento Anual: com ou sem o “parecer prévio” do COMUPLAN?
A experiência indica que ninguém será punido se a lei não for observada, e eu afirmo que ninguém irá para o inferno, mas, segundo Hebreus 8,10, o Senhor “pôs suas leis em nossas mentes e as imprimiu em nossos corações”. Portanto, cabe a cada um decidir de acordo com sua consciência. E a consciência sabe muito bem o que é certo e errado – basta simplesmente sair do “piloto automático”, voltar para dentro de si e lhe perguntar!
 FELIZ NATAL!